Deputado quer proibir entrada de menores de 18 anos em lojas que oferecem jogos eletrônicos com imagens violentas. Pais e psicólogos aplaudem a idéia. Empresários e adolescentes se revoltam. Casas do gênero já somam 62 no DF
Roberto Fonseca
Da equipe do Correio
A polêmica foi lançada. De um lado está o deputado César Lacerda (PTB). O distrital é o autor de um projeto de lei que proíbe a entrada de menores de 18 anos em lojas que oferecem jogos eletrônicos com imagens de violência. Do outro, aparecem os donos das empresas. Eles temem a falência do negócio caso o projeto seja aprovado. E no meio do bate-boca surge a garotada, que está indignada com a possibilidade de ficar sem a brincadeira.
‘‘Não quero nem pensar nisso. É melhor ficar por aqui do que estar em casa à toa vendo televisão’’, comenta Eduardo Luís Leite, 11 anos, aluno da 4ªsérie da Escola Classe 304 Norte. O menino é freqüentador assíduo da Crazy Games desde que a loja abriu, há dois meses. Por cada hora de jogo em rede, Eduardo desembolsa R$ 3. A brincadeira permite que vários jogadores disputem batalhas entre si, com computadores conectados uns aos outros. ‘‘Costumo chegar depois do almoço e só ir embora no começo da noite.’’
Ao contrário de Eduardo, a mãe dele adorou o projeto do deputado César Lacerda. Preocupada com o formação ética e moral do garoto por conta da carga de violência existente nos jogos, a funcionária do Ministério da Previdência e Assistência Social Maria Luíza Lerário, 47, já tentou de tudo para tirá-lo da frente do computador.
‘‘Inscrevi ele na capoeira e em aulas de violão. Mas não tem jeito, estou mudando toda a minha rotina por causa desse inferno. Tem dia que ele perde totalmente o sono’’, diz Maria Luíza. Pressionada pelo filho, ela se viu obrigada a abrir uma conta na Crazy Games. ‘‘Mas não passa de R$ 50 por mês.’’
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