Engavetado a 12 anos e volta e meia retornando requentado a Câmara dos Deputados e ao Senado, o projeto de lei (PL 84/99) do deputado Eduardo Azeredo (PSDB-SP) acerca da tipificação de crimes realizados na internet ressurgiu com força nestes últimos dias devido aos ataques sofridos a páginas do governo federal.
O projeto de Azeredo causou alvoroço nessa eminência de votação em regime de emergência pois traz, além de generalizações e inconsistências técnicas em seu texto que poderiam abrir espaço as mais variadas interpretações legais, a obrigatoriedade de uma identificação única, real e comprovada por documentos para qualquer um que viesse a acessar a internet no Brasil. A responsabilidade pela veracidade, autenticação e manutenção destes dados, além do histórico pessoal de todas as atividades realizadas na internet pelo usuário, ficaria por conta dos provedores de acesso e poderia ser consultada ante solicitação legal.
Semana passada o projeto de Azeredo voltou a Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática, mas sua votação foi barrada por um grupo de deputados (Paulo Teixeira (PT-SP), Luiza Erundina (PSB-SP), Manuela D'ávila (PCdoB-RS), João Arruda (PMDB-PR), Brizola Neto (PDT-RJ) e Emiliano José (PT-BA)) que agora oferecem um projeto de lei alternativo para o mesmo tema.
O novo projeto, que procura tipificar especificamente condutas criminais na internet, não traz as condições de identificação e histórico de atividades do projeto de Azeredo, mas apenas o que viriam a ser estes crimes e quais suas punições. O Brasil não tem hoje tal legislação, e casos que venham a chegar as cortes precisam ser transmutados legalmente da ação "virtual" para crimes "reais" previstos no atual código penal para que possam ser julgados.
O projeto de lei pode ser consultado
neste endereço, aberto a discussão e ainda sob redação. No dia 13 de julho será realizada uma audiência pública, com a presença de professores, ativistas da internet, representantes do Comitê Gestor da Internet (CGI.br), do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) e de empresas de tecnologia, onde será realizada uma nova discussão do texto.
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