Muito embora costume aparecer e ganhar destaque nos noticiários em períodos eleitorais, a corrupção encontra no meio político apenas uma de suas ramificações, ela esta impregnada em toda a sociedade, em todos os extratos sócio-culturais, em todos os níveis de instrução acadêmica, em qualquer camada de renda. A corrupção é inerente e natural a grande parte dos brasileiros e na maior parte dos casos não é encarada como crime por aqueles que a praticam, chegando ao absurdo contraditório de ser publicamente rechaçada por aqueles que de uma forma ou de outra, são corruptos.
Corrupção pode ser entendida como o ato genérico de corromper, no Brasil o termo cristalizou-se sobre o significado de aproveitar-se de uma posição política para conseguir ilegalmente vantagens financeiras.
De forma geral a condenação da opinião pública, a práticas políticas corruptas, serve mais como escape de compensação moral do que sincera manifestação de indignação. A prática de corrupção esta tão impregnada em nossa sociedade que é difícil encontrar alguém com pedras na mão preparado a atirar em um corrupto, na maioria das vezes ouvimos apenas um burburinho de descontentamento de gente olhando desconfiada para um teto frágil sobre suas cabeças.
O mecanismo mais comum de justificativa a corrupção adotada pelos brasileiros é o da compensação informal pela injustiça inerente ao trabalho prestado. Nesta linha de defesa pessoal, na qual o indivíduo procura proteger sua moral através de uma explicação, distorcidamente, lógica pela prática, a corrupção é apenas um meio pelo qual o indivíduo equilibra o que considera uma indevida compensação monetária oficial pelos resultados efetivos de seu trabalho.
Os níveis de contradição moral do corrupto são gigantescos, o princípio da compensação informal serve para ele como equilíbrio de consciência. Sujeitos corruptos não se veem na maior parte das vezes como foras da lei, mas sim injustiçados, muito embora a corrupção seja criminosa. Dessa forma o indivíduo precisa criar meios de não associação pessoal de sua conduta a de outros crimes tradicionais, como assassinato ou roubo. É uma coberta de autoperdão, que encontra conforto em regras frágeis à lógica moral coletiva, mas eficazes ao conforto da interpretação pessoal.
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