Editorial de inauguração:
Deus! Como é difícil escrever este editorial!
Vejam bem, não que isso seja desagradável, muito pelo contrário, mas como alguém uma vez muito bem disse, uma pessoa nunca é a mais gabaritada para falar de si mesma ou de seu trabalho... e é basicamente disso que este editorial de inauguração tratará, uma longa, arrogante e egocêntrica falatória de quem nós eramos e como diabos nos tornamos nisto que você vê agora. Se você sobreviver até o último parágrafo talvez pense que acabou de ler o roteiro roubado de alguma açucarada novela mexicana, se esta for sua impressão, então acho que cumpri em parte meu papel.
Em novembro de 97 nascia a The kingMOB Journal (TKJ), cria minha parida em duas horas de dolorosas experiências com HTML, sem grandes pretensões, apenas um canto pessoal onde eu pudesse exercitar minhas pretensões jornalísticas e tentar mostrar ao público, caso houvesse alguém do outro lado do modem, algo que estivesse fora do eixo Quake-Quake que infestava o micro de todo e qualquer jogador. Não que eu estivesse em uma cruzada contra o filho pródigo da id Software, eu adorava Quake, mas havia muita coisa boa surgindo naquela época que era quase que totalmente ignorada pela imprensa especializada, categoria na qual se queria encaixar a TKJ.
Dois anos depois, em novembro de 99, surgia a hardINFO, produto das maquinações de um português recém chegado do Velho Mundo trazendo uma visão do mercado de jogos tão amadurecida que até hoje me surpreende.
A hardINFO aos poucos acabou por se especializar na divulgação de arquivos, e o Miguel "migNAz" Nazareth, aquele mesmo português do parágrafo anterior, se aproveitou da estrutura que construia e lançava âncora a novos serviços aos jogadores, como a hospedagem de páginas e a abertura de servidores de jogos.
Ao contrário de tentar administrar tudo sozinho, afim de abocanhar todos os créditos pela hardINFO, tanto pessoais como financeiros, o Miguel trouxe para perto de si uma equipe completa de gente especializada e competente em suas áreas. Eles devem estar amolando suas facas agora esperando minha jugular estar exposta por não citá-los diretamente, um por um, mas o espaço de um editorial é pequeno e nem seu propósito é de uma pesquisa completa, por isso eu preciso gastar tantas linhas me justificando e empurrando desculpas do que propriamente ruminar algo mais formal.
Pois bem, em meados de 2000, logo após um frustrado fim do mundo, Miguel entrou em contato com uma proposta de fusão entre as páginas, juntar o jornalismo da TKJ ao acervo de arquivos e serviços da hardINFO. Espero não estar ofendendo algumas pessoas agora, mas a grande maioria destas constantes propostas que abarcavam em minha caixa-postal eram no mínimo... indecentes. Não financeiramente, nunca ganhei trocado algum pela TKJ e não era essa minha preocupação pois o magistério ainda conseguia me subsistir, mas estas propostas eram eticamente insultantes.
É claro, ignorei ele pois na época a única coisa que não queria ouvir era aquela mesma entediante ladainha de um garoto prodígio ou de um homem de negócios.
Mas o português fora insistente, estranhamente insistente, e após mais de uma hora literalmente cozinhando minha orelha no celutar eu finalmente havia sido fisgado fundo pelo beiço.
Dinheiro? Fama? Reconhecimento megalomaníaco? Não... Miguel fora a primeira pessoa que percebi tratar a comunidade de jogadores de uma forma madura, de querer arrancar trocados aqui e ali não para forrar os bolsos mas para investir em algo que melhorasse em algum aspecto os serviços aos jogadores brasileiros, e via ali uma ética sincera e um espírito empresarial inéditos a mim até o momento, ou ele era um ótimo trambiqueiro fala mansa ou um louco varrido fedendo utopia pelos poros.
Nós estamos juntos agora, e mais uma tonelada de gente, o que me leva a concluir este editorial.
Apenas não espere, caro e cansado leitor, que eu arrote grosseiramente chavões tão gastos como "... trazendo algo inédito aos jogadores brasileiros", ou, adoro essa, "... a melhor página de jogos do Brasil", ou "Nós realmente somos os melhores, interprete isso como quiser, apenas ignore o lixo que produzimos e ouça com atenção: Nós somos os melhores e precisamos que você acredite nisso para continuarmos a convencer alguém a nos dar mais e mais dinheiro".
Vocês não nos verão bombardeando propaganda chula ou se auto-promovendo narcisamente em frente ao monitor berrando "Monitor, monitor meu, existem alguém melhor do que eu?". Nós não o trataremos como uma criatura acéfala, visão que ainda muita gente sustenta de jogadores de computador, extremamente sucetível, pois nós estaremos muito ocupados cuidando de nossa nova cria, eu espero, caro leitor, que você aprecie nosso trabalho e nos acompanhe durante nosso crescimento, pois o trabalho de parto durou meses mas agora temos uma besta sedenta em nossas mãos, e, ao menos respeito nós temos a lhe oferecer.
Henry 'kingMOB' Martins
Editor-Chefe
Compartilhar