Primeiro é importante notar que uma manipulação desse tipo, se fosse possível, nada teria a ver, necessariamente, com milagres. O "manipulador" poderia simplesmente fazer com que num canto qualquer do mundo, um copo d'agua em condições normais virasse fogo, uma pedra virasse um pássaro, etc., só de zoeira. Isso seria um milagre? É desse tipo de coisa que estou falando. Feliz ou infelizmente, essas coisas impossíveis (muito diferente de coisas improváveis) de fato não acontecem. A própria estrutura do que se chama de milagre, a saber, sempre algo muito desejado por uma ou muitas pessoas, ilustra como na verdade é a imaginação humana o que está trabalhando aqui, e nada mais.
Você conhece relatos históricos (ou seja, pretensamente não ficcionais) de eventos impossíveis como o citado que não tenham nenhuma conexão com os desejos humanos? Perceba como há aqui um padrão. Não temos evidências nem de eventos impossíveis desejados, nem dos indesejados (que são potencialmente muito maiores, como é evidente). Em todos esses anos de vida que eu vivi, nunca uma colher resolveu falar comigo rs. E também em todos esses anos de mecanismo de registros abundantes em quase todos os cantos do mundo, nunca foi captado um arbusto, uma árvore ou um poste de luz sequer que tenha ganhado pernas e saído caminhando.
Eu entendo o que você está dizendo. A origem e a constituição do universo são de fato um mistério. Eu mesmo sou o primeiro a dizer que do ponto de vista lógico, nenhuma explicação para a origem do universo é "racional", do ponto de vista da racionalidade humana. Agora, disso pra achar que existe um criador que está aqui olhando o que eu faço e daqui a pouco vai me castigar ou me ajudar, existe um abismo rs. Não é porque não sabemos qual é a cura da Aids que a proposta de tomar meio litro de leite de cabrita com mel e canela moída vai parecer plausível, já que além e apesar de não sabermos qual é a cura da Aids, sabemos o bastante sobre ela (assim como sabemos o bastante sobre o mundo em que vivemos) para tirar conclusões seguras sobre quais possibilidades não são a cura da Aids.
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