“Por qual jogo devo começar?” Qualquer pessoa que esteja no hobby já deve ter recebido esta pergunta alguma dúzia de vezes. E sempre é uma pergunta difícil de responder, ainda mais no mercado brasileiro e a certa inconsistência na impressão de jogos. Muitas vezes, aquele jogo que se mostrou popular com novatos, não está mais disponível em nenhuma loja.
Idealmente um jogo para novatos deve ser belo; enquanto um veterano no hobby pode ignorar certa aridez na arte em busca de uma mecânica nova, aquele que vai sentar-se pela primeira vez na mesa para jogar vai dar uma importância muito maior a arte, as cores e a harmonia de forma geral.
Este jogo deve ser simples também, mas esta simplicidade, idealmente, não pode ser burra. Esse primeiro jogo deve durar muitas partidas, mas novas características devem ser descobertas com o tempo. Alguém que possui cem jogos na coleção pode não se incomodar de um jogo ser repetitivo a ponto de só se colocar na mesa uma vez a cada seis meses, mas aquele que só possui um jogo não deve esgotá-lo depois de cinco ou seis partidas.
Por fim, precisa ser barato. Enquanto um colecionador pode tentar justificar pagar mais de 400 reais em um jogo, alguém que está colocando seus dedos pela primeira vez no hobby dificilmente racionalizará tal gasto.
Enfim, falemos de Little Town, um jogo que claramente não busca o público veterano, mas serve como introdução aos jogos de tabuleiro modernos e até da mecânica de alocação de trabalhadores. Ele cumpre bem a expectativa de ser belo, além de ter um preço razoável, se comparado aos lançamentos atuais.
É, porém, na sua rejogabilidade que Little Town decepciona. Apesar de criar uma experiência divertida nos trinta minutos de partida (um pouco mais se jogado com 4 pessoas) e apesar das diferentes construções possíveis na preparação do jogo, cada partida é a mesma que anterior.
Não que não seja divertido alocar o seu trabalhador para conseguir recursos e ativar construções, mas com cartas de objetivo simplistas e uma pontuação direta sem grande emoção fica a pergunta ao final da partida: “é só isto”?
E infelizmente a resposta é: sim.
Pontos positivos
Agradável – A arte e os componentes de Little Town o elevam, apesar de sua simplicidade é um jogo que chama a atenção na mesa principalmente para aqueles que estão acostumados ao Banco Imobiliário/War. Por ser um jogo de entrada, cumpre o papel de chamar a atenção.
Regras simples – Nada pior para um marinheiro de primeira viagem chegar em casa com seu jogo recém adquirido e descobrir que não vai conseguir jogá-lo tão logo. Little Town não é assim. É possível jogwá-lo poucos minutos depois ao ler um manual simples e direto.
Pontos a considerar
Alocando – Considerando-o como um jogo de entrada ele faz bom papel em ensinar a mecânica de alocação de trabalhadores, ao mesmo tempo que foge da mesmice que acomete jogos simplistas desta mecânica.
De 8 a 80 – A falta de profundidade permite que crianças e adultos joguem a mesma partida em condições de quase igualdade. Mas parece haver estratégias para um grupo mais maduro.
Pontos negativos
Objetivos – Os objetivos revelados durante a partida nem adicionam pontuações suficientes para mudar o rumo da partida, nem criam expectativa no final do jogo. Uma oportunidade perdida.
Hora de comprar o próximo – Com pouca variedade e jogabilidade repetitiva, Little Town até serve como jogo de entrada, mas não demorará muito para se criar a necessidade de buscar um novo jogo o que o deixará esquecido na prateleira rapidamente.
Conclusão
Little Town acaba sofrendo por ser um jogo que buscou simplificar-se ao máximo para atingir ao público novato. Apesar de ser divertido durante a primeira partida, pouco resta para se descobrir nas próximas. É um bom jogo para dar de presente para pessoas que o jogarão eventualmente num feriado e só irão redescobri-lo meses depois.
Mensagem da hardMOB